Vale a pergunta. O que levaria o governo já ultrapassados os medos da era napoleônica, com o rei morando em boa paz e segurança no Rio de Janeiro, a acrescentar mais um forte no rosário de defensas da Cidade do Salvador? Não são conhecidos, infelizmente, exposições de motivos de justificação da providência. Apenas, por inferência, fica possível reunir a construção do Forte da Jequitaia outros projetos da gestão.
Não foram poucas as intervenções em obras na capital e no interior feitas durante o governo do oitavo Conde dos Arcos. Várias aulas régias foram instaladas para atender ao caos em que se vivia no assunto, depois da expulso dos jesuítas; criou-se à primeira tipografia e, com ela o primeiro jornal; inaugurou-se o Teatro São João; abriu-se a estrada do Rio Vermelho, urbanizou-se o bairro da Conceição da Praia; iniciou-se a construção do prédio da Praça do Comércio; colocou-se a pedra fundamental do obelisco que assinala a passagem do príncipe Dom João e sua corte pela Bahia. Somando-se a essas ações a outras, desenvolvidas no interior da capitania, como a abertura de estradas para Minas Gerais e a navegação do Rio Jequitinhonha, em Belmonte, não fica pequeno o acervo de realizações materiais do governo marcado, também, pela repressão violenta que exercitou não somente contra líderes da revolução pernambucana, entre eles o padre Roma, fuzilado nesta cidade, como também, contra os escravos haussás, sublevados na Armação do Carimbamba, até hoje identificado como o Parque do Aero-Club. Não se realizou uma intervenção urbana na capital, pensada e projetada e que, se feita, muito iria modificar o nosso perfil enquanto cidade. Tanto mais enquanto se inseria em um projeto bem maior e mais ambicioso que era o de mudar todo o centro administrativo da Cidade do Salvador, para o extremo norte, para a península. Convenceu-se o Conde dos Arcos da conveniência de abrir um canal para a navegação de pequena cabotagem que, secionando Itapagipe, ligasse o que é hoje o Largo do Papagaio com a Praia da Jiquitaia. Pretendia com isso, criar condições de agilidade para saveiros e lanchões para o alcance dos vários ancoradouros da "cidade baixa", vários pequenos portos internos que vão de Massaranduba até o "Recôncavo pesqueiro", de Passé a Candeias. Por este plano, as embarcações estariam livres da necessidade de montar a Ponta do Monte Serrat nem sempre propícia, em dias de mar agitado. O canal não seria de difícil execução. Tanto mais quanto, atravessaria terras baixas, alagadiças por si mesma, em extensões apicuns. Não se fez, porém, Política menor, inimizades de campanário inviabilizaram a obra. Informa Inácio Accioli: 'houve quem asseverasse que esta idéia lhe fora sugerida por Antônio Vaz de Carvalho, então proprietário do Engenho Conceição, para assim, mais facilmente, conduzir aos depósitos da cidade os gêneros de sua cultura'. O engenho era aquele mesmo Engenho de Nossa senhora da Conceição de Itapagipe de Cima, que já aparece utilizando as águas do tanque - Tanque da Conceição - em textos ligados à resistência organizada pelo Bispo dom Marcos Teixeira, na invasão de 1624, Antônio Vaz de Carvalho era das maiores fortunas da Bahia do tempo do Conde dos Arcos. A obra, iniciada, ficou somente no Forte da entrada prevista para o canal. Seria a sua defesa.